A arte desperta a partir do
sensível.
Os recentes episódios ocorridos no sul do Brasil que chocaram a
opinião pública e que continuam acontecendo em outras cidades, principalmente
em escolas primárias, nos levam a refletir se perdemos a noção do que seja “arte”.
O que se chamou de arte ficou parecendo mais uma “caricatura” para agredir os
olhares de quem ali passasse. Em referência ao nu, arte jamais é representação
da nudez de forma banal e ridicularizada.
Ela nada tem a ver com o querer
colocar uma cena de coito de modo explícito, apenas para dizer que é assim na
realidade nua e crua.
Para ser uma representação assim, não é necessário
recorrer à arte.
Basta buscar tais cenas nos cinemas, na internet, nas revistas
eróticas etc..
O mercado atual vive em atender
aos interessados nesse tipo de publicidade.
Ao mesmo tempo, a arte está longe
de ser um recurso para agredir a sensibilidade das pessoas, especialmente,
naquilo que lhes é mais íntimo, pessoal e, por que não, sagrado. A arte não
exclui o nu, nem o erótico. Ela só não o banaliza. Tanto é que a História da
Arte e a Arte na História do mundo inteiro estão repletas de cenas de nudez e
de cenas eróticas, seja no aspecto sacro como no profano. Porém, em nenhuma
dessas esferas, ela se utiliza do nu e do erótico para ridicularizar ou
escandalizar os olhos e a sensibilidade das pessoas.
Uma estátua de Davi, por
exemplo, ou o nu das pinturas de Michelangelo (no alto A Criação na Capela
Sistina), ou as musas nuas da arte grega, bem como os corpos nus de
atletas da Grécia e outras culturas, nunca tiveram a pretensão de ser um
instrumento para escandalizar os olhares ou fazer exibicionismo da sexualidade
humana. Arte sempre foi, é e será o esforço de tornar visível. E o verdadeiro e
bom artista é o que se coloca nessa abertura de deixar surgir a dinâmica da
criação. Nesse caso, tornar visível é esforço de tentar ouvir e acolher a
inspiração que vem ao encontro do artista. Isso que lhe vem ao encontro é a
inspiração que fala do Mistério do real da realidade, do fundo mais profundo
das coisas, dos apelos do Ser se dando como beleza, como bondade, como
necessidade.
Expor o nu nessa concepção de
arte é tornar visíveis as forças formadoras daquilo que significa o nu, o
erótico, a sexualidade etc.. E isso, na arte de todos os tempos e de todos os
estilos, não preza pelo juízo de valores, nem é fruto da subjetividade de uma
pessoa ou de um grupo. Mas algo precioso da humanidade de qualquer época
histórica. De tal forma que, quando a pessoa olhava o nu, o erótico, o sexual,
ela se via ali naquela arte como fazendo parte dela e sendo pertença, jamais
sendo agredida ou ridicularizada.
Nesse sentido, a arte que é arte
sempre diz algo de nós mesmos, e que nos eleva ou nos faz refletir acerca
daquilo que somos em nossas grandezas e misérias. Ela não está aí para nos
ultrajar ou nos diminuir como pessoas. Ela torna visível o que somos e o que
podemos ser a nível pessoal e coletivo. Ela é, pela inspiração, o vir à fala de
nossa beleza, grandeza e dignidade mais radical. Não é representação do real de
nossas depravações sexuais e de nossos lixos existenciais.
A arte verdadeira, ainda que
torne visível a nossa esfera sexual e a genitália humana, não o faz de modo
banal e desconectado do todo do ser humano, como se fosse somente um mero órgão
do nosso corpo, mas como uma unidade de sentido de toda a existência. Significa
que a arte enquanto um modo de tornar visível não está a serviço de interesses
subjetivos, mas da inspiração. Forçá-la a ser representação do queremos para
defender ideias pessoais ou coletivas, ou instrumentalizá-la para atingir fins
ideológicos, é um desserviço à arte e aos artistas. É hora de buscar resgatar o
sentido de arte nela mesma e por ela mesma. Quem sabe desse resgate tornemos
visível não apenas pinturas que expressem a beleza de nossa existência, mas a
nossa existência mesma, mais bela, mais digna, no verdadeiro significado dessa
palavra. Quando cremos no Senhor, e o convidamos para fazer parte da
nossa vida, recebemos o Espírito Santo que começa transformar nosso caráter e
influenciar nossas atitudes. Abandonamos a velha natureza pecaminosa, passamos
a dar bom testemunho do Senhor, e isso tudo promove a paz e a alegria em nosso
coração.
Fonte: Devocional Diário.
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