sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

OSacrifício Voluntário

1 – O SACRIFÍCIO VOLUNTÁRIO

 Se alguém quiser
Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me (Mat 16,24).

 Ao dirigir essas palavras aos discípulos, Jesus fala de algo que depende de nós.

 Algo que podemos fazer ou não -Se alguém quiser…-, algo que pertence, portanto, à nossa livre iniciativa.
Sempre a Cruz – a mortificação pequena ou grande – deve ser tomada livremente:
 só se nós queremos, é que sacrificamos um fim de semana para dar assistência aos pobres; se nós queremos, deixamos de ir ao cinema para visitar um doente; se nós queremos, assumimos
 2 em casa os trabalhos mais sacrificados; se nós queremos, mortificamos a curiosidade, a gula, a destemperança no falar, etc.
Sacrifícios voluntários? Mortificação? Meter na nossa vida mais “cruzes”, quando a vida já traz tantas sem procurá-las? Por quê?
O Espírito Santo  nos responderá pela boca de São Paulo.

Este Apóstolo usa com frequência de uma comparação: a imagem dos dois homens que estão sempre brigando dentro de nós: o homem velho e o homem novo.
Poderíamos traduzir por “homem modelado pelos parâmetros mundanos, pagãos” e “homem modelado – conforme a imagem de Cristo – pelo amor, pela graça do Espírito Santo”.
Assim, escrevendo aos Efésios, São Paulo pede-lhes: Não persistais em viver como os pagãos, que andam à mercê das suas ideias frívolas [...]. Renunciai à vida passada
, despojai-vos do homem velho, corrompido pelas concupiscências enganadoras.
 Renovai sem cessar o sentimento da vossa alma, e revesti-vos do homem novo, criado à imagem de Deus, em justiça e santidade verdadeiras (Ef 4,17.22-24). É claro que lhes está propondo uma luta constante, mediante a qual deverão arrancar – como se arrancam no jardim as ervas daninhas – o homem velho, para revestir-se do homem novo.
As mesmas ideias, mais sinteticamente expostas, encontramo-las na Carta aos Colossenses: 
Vós vos despistes do homem velho com os seus vícios, e vos revestistes do novo, que se vai restaurando constantemente à imagem dAquele que o criou (Cl 3,9-10).

Um terceiro texto, dirigido aos Gálatas, completa os anteriores: Os que são de Jesus Cristo crucificaram a carne, com as suas paixões e concupiscências (Gl 5,24).
 Para entender o que quer dizer, é preciso ter presente que, na mesma carta, havia explicado o que é a carne e as suas concupiscências (palavra que literalmente significa maus desejos), mostrando que por carne entende – como é comum em textos bíblicos – a vida egoísta, afastada da graça de Deus e mergulhada no materialismo, cujo deus é o ventre [...] e só tem prazer no que é terreno (Fil 3,19).

Característica típica do homem velho é a de se deixar dominar pelos desejos da carne, que – como explica detalhadamente o Apóstolo – são fornicação, impureza, libertinagem, idolatria, superstição, inimizades, brigas, ciúmes, ódio, ambição, discórdia, bandos, invejas, bebedeiras, orgias e outras coisas semelhantes (Gál 5,19,21).

Esta é a carne que deve ser crucificada, ou seja, mortificada, dominada e vencida com a renúncia, com a luta, com a Cruz.
Purificação voluntária
A mortificação voluntária – que faz parte essencial da luta do cristão – é um meio necessário de purificação.

Santo Agostinho tem um pensamento muito profundo a esse respeito. Lembra que o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus, e que o pecado “deformou” essa imagem e apagou a semelhança.
 A graça de Deus, recebida no Batismo, fez-nos renascer para uma vida nova, dando-nos a graça. 
É tarefa nossa colaborar com a graça para limpar os males que nos deformam; só assim a graça nos devolverá à “forma” primeira, que é a imagem do ser de Deus

 [1], a autêntica personalidade dos filhos de Deus.
Como é sugestiva essa ideia, para nos ajudar a compreender que a formação cristã não se limita ao conhecimento da verdade, da doutrina – a ler, estudar, aprender- , mas exige um trabalho de purificação –de limpar, de extirpar, de endireitar, de podar o que procede do egoísmo–, para podermos “arrancar a triste máscara que forjamos com as nossas miséria
[2]”, e estarmos em condições de ir reproduzindo fielmente em nós os traços do nosso modelo, Jesus Cristo.
Pensemos seriamente, nestes dias, qual é o nosso homem velho, quais são as nossas paixões e concupiscências, para assim podermos descobrir as mortificações que precisamos fazer para arrancar de nós as máscaras deformantes
. Não é muito difícil adivinhar. Difícil é concretizar… e fazer.
Na realidade, todos notamos em nós mesmos defeitos que nos prejudicam, hábitos, vícios de diversas espécies, que nos dominam; falhas de caráter que atrapalham o nosso trabalho; atitudes desagradáveis ou omissões no nosso relacionamento com os outros… Pois bem, aí é que deve entrar a nossa cruz, ou seja, os sacrifícios necessários para corrigir tais defeitos e revestir-nos do homem novo.
Adaptação de um trecho do livro de F.Faus, A sabedoria da Cruz
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Ano da Misericórdia:
Quantas páginas da Sagrada Escritura – diz o Papa Francisco – se podem meditar, nas semanas da Quaresma, para redescobrir o rosto misericordioso do Pai! [...]. As páginas do profeta Isaías poderão ser meditadas, de forma mais concreta, neste tempo de oração, jejum e caridade. «O jejum que me agrada é este: libertar os que foram presos injustamente …, repartir o teu pão com os esfomeados, dar abrigo aos infelizes sem casa, atender e vestir os nus e não desprezar o teu irmão. Então, a tua luz surgirá como a aurora, e as tuas feridas não tardarão a cicatrizar-se. [...]

»Se retirares da tua vida toda a opressão, o gesto ameaçador e o falar ofensivo, se repartires o teu pão com o faminto e matares a fome ao pobre, a tua luz brilhará na escuridão, e as tuas trevas tornar-se-ão como o meio-dia. O Senhor te guiará constantemente, saciará a tua alma no árido deserto, dará vigor aos teus ossos. Serás como um jardim bem regado, como uma fonte de águas inesgotáveis » (cf. 58, 6-11).
(Bula Misericordiae vultus, sobre o Jubileu da Misericórdia, n. 17).


[1] Cfr. Sermão 125,4. Patrologia Latina 38,962.
[2] Cfr. Josemaría Escrivá: Via Sacra, sexta estação
"Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores." Salmos 1:1


Pensamento: Deus busca um relacionamento puro com o homem. 
A bíblia mostra Deus sempre falando com os seus servos com relação a santidade
. Não há como sermos servos de Deus e continuarmos como impios. Jesus Cristo fala que temos que ser sal da terra e luz do mundo. 
Vivemos no meio dos pecadores, mas não no caminho dos pecadores, temos sim que mostrar a diferença e sermos uma testemunha viva do agir e do poder de Deus neste mundo.



Oração: Senhor, em nome do teu Filho Jesus lhe pedimos, nos ajude a fazermos a diferença neste mundo, nos ajuda a sermos luz, nos ajuda a sermos um referência para conduzirmos as pessoas a Cristo. Não nos deixe cair em tentação, não nos deixe andar no caminho dos pecadores mas sim nos teus caminhos, te agradecemos, em nome de Jesus, amém.