sexta-feira, 25 de agosto de 2017

A COMPREENSÃO NOS DEIXA MAIS HUMILDESNO SABER



                                                                                                   Frase para refletir:
                                          “O que não compreendemos; também não o possuímos” (Johann                                  Wolfgang von Goethe, autor e estadista alemão, 1749-1832).
                                                                         






ompreender é mais do que saber ou entender
. É um movimento de apreender o sentido global de uma coisa.
 Apreender aqui é como agarrar a coisa e ir se beneficiando de sua revelação
 Beneficiar como possuir e ser possuído pela amostragem da coisa por ela mesma.
Semelhante a uma planta daquelas trepadeiras que vai se agarrando ao muro, e que na medida em que vai se agarrando vai crescendo, se avolumando, se expandindo e robustecendo e revigorando suas raízes.
 Ela cresce não só em extensão e para o alto, mas, também, para a raiz.


Esse crescimento em todas as direções e sentidos é a compreensão.

 Ela é diferente de saber. Hoje sabemos muito sobre quase tudo.
 Há quem saiba tudo sobre economia, mas não compreende a economia.
Há quem saiba tudo sobre Política, mas não compreende a Política.
Há quem saiba tudo sobre a Bíblia, mas não compreende a Bíblia; há quem sabe tudo sobre a Fé, a Religião, mas não Compreende nem a Fé, nem a Religião. Há quem sabe tudo sobre o ateísmo, mas não compreende nem o ateísmo nem os ateus.
 Há quem domina com um saber incrível as informações dos problemas das pessoas e do mundo, mas não compreende nem as pessoas nem o mundo.
 Do mesmo modo, Compreensão é diferente de entender.
 Entendemos, por exemplo, que um funcionário ou seu chefe chegue atrasado ao serviço, baseado em suas explicações lógicas e justas dentro do funcionamento da empresa, mas não compreendemos esse mesmo atraso e suas implicâncias dentro da totalidade de sua existência, seja como funcionário, seja como patrão.


Nesse caso se entende o “entender” sempre dentro de um padrão de explicações aceitáveis e já dados no âmbito de um sistema de convívio
. A compreensão não se prende a esses esquemas pré-estabelecidos e, muitas vezes, se vale até do silêncio como ausência ou presença de toda e qualquer explicação.
 A compreensão, diferente do saber que quer saber algo sobre alguma coisa, ou do entendimento, que entende as coisas dentro de um espaço de explicação, é uma abertura de sentido e para o sentido amplo das coisas, e que abre infinitas possibilidades de saber e de entendimento acerca do que nos vem ao encontro como desafio de pensar.

 A compreensão abarca uma totalidade de sentido e, por isso mesmo, nos deixa mais humildes no saber e no entendimento do que quer que seja.


Quase ao modo de Sócrates que em sua frase traduzida para um grego meio aportuguesado ficou mais ou menos assim: “Só sei que nada sei”. Isto é, em não sabendo, mas buscando saber na sua profundidade e amplidão, na sua largura e largueza, é que a via do saber vai se dando aos poucos como compreensão.
 Talvez, hoje, o que necessitamos mais é de compreensão.
Sem compreensão continuaremos nessa corrida estafante e estressante de dominar o saber que se dá em tudo, e inflacionados de informações diárias em todas as direções, porém, anêmicos no sentido mais real e profundo das coisas, que nos liberta para uma serenidade de visão e ação efetiva na vida e nas relações com todos e com tudo. Pode estar aí, quem sabe, nossas dificuldades para empreender hábitos, gestos, ações e transformações significativas e efetivas no mundo em que estamos inseridos. Pois o que não compreendemos, não o possuímos, ou melhor, não podemos ser possuídos e nem possuir (de forma salutar) aquilo que ainda não compreendemos.
Fonte: Meditação Diária.