Frase para refletir:
“O que não compreendemos; também não o possuímos” (Johann Wolfgang von Goethe, autor e estadista alemão, 1749-1832).
ompreender é
mais do que saber ou entender
. É um
movimento de apreender o sentido global de uma coisa.
Apreender aqui é como agarrar a coisa e ir se
beneficiando de sua revelação
Beneficiar como possuir e ser possuído pela
amostragem da coisa por ela mesma.
Semelhante a
uma planta daquelas trepadeiras que vai se agarrando ao muro, e que na medida
em que vai se agarrando vai crescendo, se avolumando, se expandindo e
robustecendo e revigorando suas raízes.
Ela cresce não só em extensão e para o alto,
mas, também, para a raiz.
Esse
crescimento em todas as direções e sentidos é a compreensão.
Ela é diferente de saber. Hoje sabemos muito
sobre quase tudo.
Há quem saiba tudo sobre economia, mas não
compreende a economia.
Há quem
saiba tudo sobre Política, mas não compreende a Política.
Há quem
saiba tudo sobre a Bíblia, mas não compreende a Bíblia; há quem sabe tudo sobre
a Fé, a Religião, mas não Compreende nem a Fé, nem a Religião. Há quem sabe
tudo sobre o ateísmo, mas não compreende nem o ateísmo nem os ateus.
Há quem domina com um saber incrível as
informações dos problemas das pessoas e do mundo, mas não compreende nem as
pessoas nem o mundo.
Do mesmo modo, Compreensão é diferente de
entender.
Entendemos, por exemplo, que um funcionário ou
seu chefe chegue atrasado ao serviço, baseado em suas explicações lógicas e
justas dentro do funcionamento da empresa, mas não compreendemos esse mesmo
atraso e suas implicâncias dentro da totalidade de sua existência, seja como
funcionário, seja como patrão.
Nesse caso
se entende o “entender” sempre dentro de um padrão de explicações aceitáveis e
já dados no âmbito de um sistema de convívio
. A
compreensão não se prende a esses esquemas pré-estabelecidos e, muitas vezes,
se vale até do silêncio como ausência ou presença de toda e qualquer
explicação.
A compreensão, diferente do saber que quer
saber algo sobre alguma coisa, ou do entendimento, que entende as coisas dentro
de um espaço de explicação, é uma abertura de sentido e para o sentido amplo
das coisas, e que abre infinitas possibilidades de saber e de entendimento
acerca do que nos vem ao encontro como desafio de pensar.
A compreensão abarca uma totalidade de sentido
e, por isso mesmo, nos deixa mais humildes no saber e no entendimento do que
quer que seja.
Quase ao modo
de Sócrates que em sua frase traduzida para um grego meio aportuguesado ficou
mais ou menos assim: “Só sei que nada sei”. Isto é, em não sabendo, mas
buscando saber na sua profundidade e amplidão, na sua largura e largueza, é que
a via do saber vai se dando aos poucos como compreensão.
Talvez, hoje, o que necessitamos mais é de
compreensão.
Sem
compreensão continuaremos nessa corrida estafante e estressante de dominar o
saber que se dá em tudo, e inflacionados de informações diárias em todas as
direções, porém, anêmicos no sentido mais real e profundo das coisas, que nos
liberta para uma serenidade de visão e ação efetiva na vida e nas relações com
todos e com tudo. Pode estar aí, quem sabe, nossas dificuldades para empreender
hábitos, gestos, ações e transformações significativas e efetivas no mundo em
que estamos inseridos. Pois o que não compreendemos, não o possuímos, ou
melhor, não podemos ser possuídos e nem possuir (de forma salutar) aquilo que
ainda não compreendemos.
Fonte:
Meditação Diária.
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