sábado, 28 de outubro de 2017

Os medos e a luta para sobreviver


Os medos e a luta para sobreviver

Frase para refletir:

“Vivemos, hoje, o silêncio da sobrevivência” (Autor desconhecido)

Dizem que a sobrevivência é o instinto mais básico de qualquer espécie. Em nós, seres humanos; não poderia ser diferente. Quem assistiu ao filme “Doze anos de escravidão”, (direção de Steve McQueen que conta a história de Solomon Northup), percebe ali essa triste realidade que por milênios nos acompanha sob o estigma da escravidão e da injustiça que vitima e silencia os inocentes. Ao mesmo tempo, o filme mostra o lado estranho e paradoxal de uma realidade que é, em nome da sobrevivência, as pessoas se submeterem ao silêncio indesejado para ficarem fora da zona de perigo de uma situação possível de castigo e condenação. Permite-se, nesse caso, o sofrimento cruel sobre si e sobre os outros para evitar males ainda maiores. E, às vezes, para salvar a própria pele permanece-se anestesiado contemplando a maldade alheia sob as suas mais variadas formas de requinte.
 

Nesse sentido, muitos perguntam, hoje, no cenário político brasileiro: “Onde estão as massas que não reagem às injustiças fruto do palco da corrupção no país?”; “Onde estão as manifestações populares para fazer voz e vez frente à corrupção que nos domina?”. O silêncio a essa pergunta, às vezes, é ensurdecedor. Quando muito, vemos apenas uma pequena mobilização aqui e ali pensando representar o todo. Esse silêncio, talvez, venha do instinto de sobrevivência. Estamos quase todos habituados a lutar pela sobrevivência dentro do pouco que nos resta. E atrás da luta pela sobrevivência nos acompanha dois medos básicos: o de perder e o de enfrentar.

De uma parte, tais medos (medo de perder o emprego, por exemplo) nos preservam na sobrevivência e na esperança de que dias melhores venham. De outra, nos afunda no anonimato pessoal e coletivo, inclinando ainda mais para o fundo das águas o barco de nossa existência, tal qual a tragédia do “Titanic”. O medo que nos impulsiona a querer preservar a existência é legitimo, e ter esperança nunca é demais. Porém, o nosso fio de esperança em uma intervenção fora de nós mesmos, e de nossas pequenas e poucas possibilidades, pode nos tornar infantis, dependentes e preguiçosos no compromisso e nas transformações importantes de nossa realidade.

O silêncio que vivemos, hoje, deve ser mais uma pausa para entendermos o nosso processo histórico e encontrar nele caminhos e saídas inteligentes frente ao que nos oprime e deprime, do que uma injeção de desânimo que tira nossa capacidade de sentir, de pensar e de agir. Se o nosso silêncio for apenas luta pela sobrevivência, corremos o risco de morrermos todos num processo lento de aniquilamento pessoal e coletivo, no sentido de que se não formos corrompidos pela corrupção dos políticos

 e de seus “compadres”, seremos fatalmente corrompidos pelo nosso próprio instinto de sobrevivência numa espécie de busca egoísta do “Salve-se quem puder”. 

Fonte: Meditação Diária.