Os medos e a luta para
sobreviver
Frase para refletir:
“Vivemos, hoje, o silêncio da sobrevivência” (Autor desconhecido)
Dizem que a sobrevivência é o
instinto mais básico de qualquer espécie. Em nós, seres humanos; não poderia
ser diferente. Quem assistiu ao filme “Doze anos de escravidão”, (direção de
Steve McQueen que conta a história de Solomon Northup), percebe ali essa triste
realidade que por milênios nos acompanha sob o estigma da escravidão e da
injustiça que vitima e silencia os inocentes. Ao mesmo tempo, o filme mostra o
lado estranho e paradoxal de uma realidade que é, em nome da sobrevivência, as
pessoas se submeterem ao silêncio indesejado para ficarem fora da zona de
perigo de uma situação possível de castigo e condenação. Permite-se, nesse
caso, o sofrimento cruel sobre si e sobre os outros para evitar males ainda
maiores. E, às vezes, para salvar a própria pele permanece-se anestesiado
contemplando a maldade alheia sob as suas mais variadas formas de requinte.
Nesse sentido, muitos
perguntam, hoje, no cenário político brasileiro: “Onde estão as massas que não
reagem às injustiças fruto do palco da corrupção no país?”; “Onde estão as
manifestações populares para fazer voz e vez frente à corrupção que nos
domina?”. O silêncio a essa pergunta, às vezes, é ensurdecedor. Quando muito,
vemos apenas uma pequena mobilização aqui e ali pensando representar o todo.
Esse silêncio, talvez, venha do instinto de sobrevivência. Estamos quase todos
habituados a lutar pela sobrevivência dentro do pouco que nos resta. E atrás da
luta pela sobrevivência nos acompanha dois medos básicos: o de perder e o de
enfrentar.
De uma parte, tais medos (medo
de perder o emprego, por exemplo) nos preservam na sobrevivência e na esperança
de que dias melhores venham. De outra, nos afunda no anonimato pessoal e
coletivo, inclinando ainda mais para o fundo das águas o barco de nossa
existência, tal qual a tragédia do “Titanic”. O medo que nos impulsiona a
querer preservar a existência é legitimo, e ter esperança nunca é demais.
Porém, o nosso fio de esperança em uma intervenção fora de nós mesmos, e de
nossas pequenas e poucas possibilidades, pode nos tornar infantis, dependentes
e preguiçosos no compromisso e nas transformações importantes de nossa
realidade.
O silêncio que vivemos, hoje,
deve ser mais uma pausa para entendermos o nosso processo histórico e encontrar
nele caminhos e saídas inteligentes frente ao que nos oprime e deprime, do que
uma injeção de desânimo que tira nossa capacidade de sentir, de pensar e de
agir. Se o nosso silêncio for apenas luta pela sobrevivência, corremos o risco
de morrermos todos num processo lento de aniquilamento pessoal e coletivo, no
sentido de que se não formos corrompidos pela corrupção dos políticos
e de seus “compadres”, seremos fatalmente
corrompidos pelo nosso próprio instinto de sobrevivência numa espécie de busca
egoísta do “Salve-se quem puder”.
Fonte: Meditação Diária.
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