A liturgia dos Cristãos
Católicos celebra no dia primeiro de novembro o dia de Todos os Santos.
Santidade é um atributo divino. Só Deus é santo. Todos os santos, canonizados
ou não, participam e bebem desta santidade primeira e originária. Ninguém pode
ser santo se sua santidade não tiver em Deus sua origem, sua raiz, seu
fundamento, seu desabrochar e sua consumação. O convite para ser santos advém
de um chamado Divino que, no fundo, é, também, uma incumbência. A incumbência
de ser santo como Deus é Santo. Para saber o que, de fato, significa ser santo
como Deus é Santo, é necessário, antes de tudo, compreender, pelo Mistério da
Fé, como Deus é Santo, ou seja, como é o modo de ser Santo de Deus.
E isso só é possível abrindo-se
ao seu insondável Mistério de Santidade, deixando-se possuir por ele. Em sendo
possuído pela santidade de Deus é que nos tornamos santos. Com outras palavras,
é Deus quem santifica. E santifica por meio daquele que é o Santificador por
excelência, o Espírito Santo. E o Espírito santifica operando as obras de Deus
naqueles que Nele acreditam. E a obra de Deus que santifica é o seu amor
operando na pessoa como princípio, meio e fim de todas as coisas. O Espírito,
por sua vez, opera por meio do amor. Daí que só conseguimos ser Santo como Deus
é santo deixando o Espírito Santo operar em nós a obra do amor divino. Eis o
grande desafio da santidade cristã, que aqueles que são batizados, falando
particularmente assim (não que sejam maiores e melhores do que os outros não
batizados, mas porque recebem uma responsabilidade maior no chamado atendido),
são chamados a ser Santo como Deus é Santo.
Isso significa que em princípio
todos os batizados são santos por terem recebido o batismo e o Espírito de
santidade no e pelo batismo, porém, não existe garantia de santidade como Deus
é santo sem o amor e fora do amor que o Espírito opera nos batizados. Nesse
sentido, não há garantia de santidade real para nenhum batizado se após o
batizado ele não continua correspondendo ao santo modo de operar do Espírito.
Uma coisa é ser batizado, outra é a correspondência ao batismo que gera,
aprofunda e consuma a santidade batismal. Da mesma forma, uma coisa é ser
santo, outra é viver como santo na correspondência ao amor divino que o
Espírito opera. Ou seja, o Batismo garante a consagração, o chamado e a missão.
Não garante a obra de santidade, que depende do modo como cada batizado acolhe,
celebra e vive sua vida de santidade fundada no santo modo de operar do
Espírito. Sabe-se que toda a História do Ocidente e do Oriente Cristão é
marcada e influenciada pelo testemunho de santos e santas que souberam
deixar-se conduzir pelo Espírito Santo e o seu santo modo de operar.
Foram pessoas marcadas pelo
signo da operação do amor divino dentro da Igreja como um todo, das famílias,
da Sociedade, do Mundo e por onde quer que se fizeram presentes. Somente quando
aqueles que são chamados à santidade, conforme o modo de operar do Espírito,
esqueceram-se dessa realidade é que a santidade se tornou algo piegas e decaiu
para uma espécie de culto de personalidade voltada para um sensacionalismo de
milagres e para uma crescente deificação do homem como substituto de Deus. Os
santos colocados nos altares são apenas expressão do afeto popular por aqueles
que se deixaram conduzir verdadeiramente pelo sopro do Espírito Santo e o seu
santo modo de operar dentro da História humana com todas as suas grandezas e
mixórdias.
Bem entendida a santidade deles,
não são substitutos divinos e nem mediadores entre Deus e os homens. São
batizados que honraram seu batismo ao revelar a todas as criaturas o amor de
Deus com que foram amados por primeiro. São testemunhas do que experimentaram
na relação amorosa com Deus e a partir da ação de seu Espírito. Por isso é que
são amados e reverenciados, não cultuados. São referência para cada um e para
todos os que buscaram ser santo como Deus é santo. A celebração de todos os
santos quer ser essa comunhão com todas as pessoas de todos os tempos, de todas
as épocas, do Céu e da Terra, falecidos ou não, canonizados ou não, de nossa
Igreja ou não, enfim, uma multidão incontável de pessoas do passado, presente e
futuro que se deixaram, se deixam e se deixarão ser conduzidas pelo modo de
amar de Deus, através de Seu Filho Jesus Cristo, auxiliados pelo seu Espírito e
o seu santo modo de operar. Essa celebração é um memorial, uma festa, um
anúncio, um chamado e, acima de tudo, uma verdade a respeito de nossa dignidade
de Filhos do Criador. Não somos apenas santos, somos chamados a ser Santos como
Deus, nosso Criador, é Santo. Isto é, trata-se de uma graça e de uma tarefa a
ser continuamente realizada na Terra e no Céu, no tempo e na eternida.FONTE: Diária.
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