Frase para refletir:
Está perto a salvação dos que o temem, e a glória
habitará em nossa terra” (Salmo 85 (84), 10).
¨No início da Era Contemporânea uma proclamação de Nietzsche de que “Deus está morto” abalou a fé de muitas pessoas (e abala até hoje), ainda que ele estivesse falando, ecoando, e sintetizando a visão do modo como muitos o liam, sentiam e experimentavam a sua relação com Deus no início nessa época. Ao mesmo tempo, em decorrência dos sofrimentos causados a tantas vítimas inocentes na Primeira e Segunda Guerra Mundial, a pergunta que muitos levantaram e que ainda permanece é: “Onde está Deus?”. Isso virilizou como uma espécie de dúvida que ainda questiona até hoje sobre a existência ou não de Deus neste mundo. A questão e a dúvida, no entanto, não compreendem o Deus da Fé e a Fé no Deus da tradição religiosa, de modo particular, do Ocidente (Cristãos, Judeus e Muçulmanos).
Entre os Cristãos ainda mais,
pois esses proclamam a Fé em um Deus encarnado na História. Essa Fé de que Deus
está presente e atuante na História vem do Antigo Testamento e se plenificou no
Novo Testamento com a vinda de Jesus no anúncio do Natal. Ele, de certa forma,
ecoa os anúncios e promessas feitas no Antigo Testamento, como este do Salmista
que diz que “Está perto a salvação dos que o temem”. Ele está perto, mas nem
sempre é percebido como é e como age. Parafraseando é mais ou menos parecido
com a história do casal em que a esposa teve um acidente e ficou com o
semblante todo deformado. Ela ficou em coma e quando voltou do coma ficou
sabendo que o marido ficara cego. Assim, os dois viveram muitos anos juntos.
Ela “feia”, e ele cego. Quando ela morreu, descobriram que ele não era cego,
mas fingira-se de cego para não deixar a esposa constrangida quanto ao seu acidente
que deformara seu rosto. Na verdade, com Deus é a mesma coisa. Ele sempre
esteve; sempre está e sempre estará conosco como salvação.
Por vezes, Ele se disfarça; se
esconde, e dá a impressão de que não vê, não ouve, e não sabe nada a nosso
respeito. O faz não como alguém que nos ignora, mas como quem ama. Não quer ser
autoritário e nem invasivo. A questão de achar que Ele não nos vê, não nos ouve
ou ignora é da nossa parte. Trata-se de nossa percepção e de nosso sensor de fé
que é fraco e muito gasto. Os que o temem, o ouvem, o sentem, e o vêem,
experimentam dia a dia o modo de sua presença e de sua salvação. Temer aqui
nada tem a ver com medo, mas com um modo reverente e cuidadoso de deixar ser o
outro, sem forçá-lo a ser como se deseja e espera. Esse modo de ser é
respeitoso, livre, e jamais invasivo. Ele percebe e sente a proximidade do
outro, ainda que o outro permaneça em silêncio e, aparentemente, “distante”.
É assim que os Cristãos percebem
e se relacionam na Fé com a presença de Cristo e a sua salvação em suas vidas e
na História. No Advento esperam nessa presença. Curtem e repercutem, temem e
anseiam por sua manifestação no cotidiano banal de suas vidas e de toda a
criação. E quando é Natal, se alegram e celebram o brilho e a manifestação
dessa presença na nossa carne, na nossa humanidade. Esse brilho da presença do
divino em Jesus Cristo em nós se chama Glória. Essa Glória é o brilho de Deus
em seus amados filhos e filhas. Essa Glória habita em nossa terra. Terra é cada
um de nós, pois foi do pó da terra que o homem foi criado (Gênesis 2,7). E foi
nesta terra que Deus quis fazer tenda na sua encarnação. Então, podemos com
toda confiança proclamar com o salmista, que a salvação (Jesus Cristo) está
próxima dos que temem a Deus, e que sua Glória habita em nós, sua Terra Natal
Fonte: Meditação Diária
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