Isso simplesmente porque a vida é cheia deles, não só pelos desafios que existem, mas também por causa dos fracassos, dos desastres, das fatalidades e doenças que percorrem nossa vida.
Grandes homens e mulheres da história tornaram-se notáveis após superar desastres na vida.
Tantas vezes, é exatamente em razão desses obstáculos é que tantas vezes surgiram os grandes homens da história.
Uma dificuldade, quando vivida sob as virtudes humanas, tem a força de fazer emergir o que existe de mais nobre em uma pessoa.
O inverso também é verdadeiro.
Se as dificuldades nos lançarem nos vícios e nos rancores, descobriremos as piores feras que existem em nós.
Na ótica cristã, essa verdade tem um significado ainda maior.
Deus vence o mal não o destruindo simplesmente, aniquilando sua existência.
A grandeza do Senhor é transformar o mal em um bem maior.
O ápice de Sua vitória é a cruz; nela o mal é derrotado.
Mas como Deus faz isso?
Esse “como” é que confunde os homens.
São Paulo nos diz: “Escândalo para os judeus e loucura para os pagãos” (cf. 1Cor 1,23).
Na cruz, todo ódio é respondido com amor infinito.
A morte, que era o fim da vida, passa a ser o começo da eternidade.
A cruz, que era sinal de horrores, agora é símbolo da salvação.
O pecado que condenava, agora conhece a misericórdia, de tal forma que Santo Agostinho pôde dizer:
“Bendito pecado que mereceu tamanha misericórdia!”.
Nós deveríamos aprender a viver essa dinâmica de salvação em nossas dificuldades.
Aliás, a salvação não é somente para a eternidade, ela é graça que transforma todo mal em nossa vida em um bem maior.
A salvação é agora! Temos de aprender essa dinâmica de Deus. Isso é sabedoria! Para viver assim não basta crer em Jesus, é preciso buscar Sua sabedoria. Acredito que é nesse sentido que exortava São Tiago sobre a fé sem obras, quando lemos em sua carta no capítulo 2,19: “Crês que há um só Deus. Fazes bem. Também os demônios creem e tremem”.
A obra da fé é nossa salvação vivida de forma real.
Qual é essa dinâmica da salvação em meio às dificuldades da vida?
Começa por crer e confiar em Deus.
“Quem crê será salvo, mas quem não crê já está condenado”. Quem não crê e não confia em Jesus não pode receber Suas graças e tesouros.
É preciso uma conformação à Palavra de Deus, porque é por meio dela que aprendemos a sabedoria divina.
Com ela aprendemos a olhar o mundo, a refletir sobre a vida e reagir diante dos acontecimentos segundo o coração do Pai.
Temos de agir concretamente e, diante de cada situação, encontrar a resposta correta.
Essa resposta sempre passará pelo amor de Deus e pela obediência a Ele.
Mas o que é amar e obedecer a Deus em cada situação? Em uma hora, pode significar mansidão e paciência; em outra, firmeza e ação.
Essa resposta está na sabedoria que o Espírito Santo nos dá, especialmente na intimidade com a Palavra de Deus.
Mas a resposta sempre será bondade e louvor a Ele.
Onde existem a bondade do amor e o louvor da obediência ali está o Senhor.
Uma pista para esse discernimento é perguntar para Deus: “Para que me serve essa dificuldade?”.
Atenção, isso é diferente de perguntar o “porquê”, no sentido de lamuriar os acontecimentos. No “para que” se busca o sentido de cada coisa.
Por fim é preciso viver tudo sob a virtude da esperança.
“A paciência prova a fidelidade e a fidelidade comprovada produz a esperança. E a esperança não engana” (Rm 5,4-5).
Quem espera em Deus nunca será enganado.
Esperar no Senhor é viver desejando que a vontade d’Ele governe todas as coisas.
Espera em Deus quem ama a Sua vontade.
Isso é diferente das expectativas que criamos, achando que Ele vai agir segundo nossas vontades.
Quando vivemos sob a esperança divina, nos lançamos nos braços do Senhor na certeza que Ele tem para nós os melhores bens. “Coisas que os olhos não viram nem os ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou, tais são os bens que Deus tem preparado para aqueles que o amam” (1Cor 2,9).
Termino essa reflexão com um verdadeiro poema de quem soube superar inúmeros obstáculos firmado no amor de Deus:
“Que diremos depois disso? Se Deus é por nós, quem será contra nós? Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação? A angústia? A perseguição? A fome? A nudez? O perigo? A espada? Realmente está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte o dia inteiro; somos tratados como gado destinado ao matadouro.
Mas, em todas essas coisas, somos mais que vencedores pela virtude daquele que nos amou” (Rm 8, 31. 35-37). Fonte: Formação Cançao Nova.
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